Benefícios como plano de saúde e odontológico, auxílio-alimentação, refeição e seguro de vida são diferenciais para a atração de talentos e têm impacto positivo na satisfação dos funcionários. Quando esses benefícios são flexíveis, a diferença é que os empregados passam a ter o poder de escolher, entre o que foi oferecido, os que são mais adequados ao seu perfil, necessidades e desejos. Isso porque, para cada benefício, existem opções com diferentes características. Essa flexibilização, que começou a ser praticada nos anos 1960 nos Estados Unidos e, no Brasil, há 20 anos, promove uma verdadeira revolução na atração e na performance dos talentos, no relacionamento entre funcionários e empresas.   A Bematize ouviu algumas das principais empresas que concedem benefícios flexíveis no país para saber de que maneira eles são administrados e quais os objetivos alcançados. Os resultados foram divulgados durante o Simpósio Bematize, realizado em São Paulo (SP).   A metade das empresas pesquisadas é da área de tecnologia, setor que saiu na frente, no Brasil, na concessão de benefícios flexíveis. Outras companhias são das áreas da indústria farmacêutica e de cosméticos, seguros e serviços. Em comum, a experiência delas mostra ganho de vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes, sem necessariamente investirem mais recursos financeiros nos benefícios.   “Pacotes de benefícios tradicionais estabelecidos apenas por cargo deixam muita margem para insatisfação. Idade, responsabilidade familiar, situação financeira, estilo de vida, e preferências pessoais são fatores que explicam a demanda por benefícios distintos. Além disso, casais com rendas próprias e benefícios duplicados apresentam um grande desperdício financeiro para suas empregadoras e uma grande oportunidade de satisfação perdida”, ressaltou Ronn Gabay, diretor da Bematize.   A pesquisa revelou que assistência médica, odontológica e seguro de vida estão entre os benefícios mais flexibilizados. No caso da assistência médica, o número de empresas que flexibilizou esse benefício foi de 71,43%. O mesmo acontece com os planos odontológicos; e em auxílio-alimentação, 85,71% delas flexibilizam as escolhas. Para o auxílio-refeição, o percentual chega a 78,57% do total de empresas pesquisadas. A maioria das empresas, 92,31%, subsidiam 100% dos planos de saúde dos empregados. Seguro de vida é oferecido por 92,86% delas.   Nas empresas que flexibilizam benefícios, em geral, o funcionário recebe uma pontuação, de acordo com o cargo que exerce, e cada benefício tem um valor, em pontos. Com o seu conjunto de pontos, o empregado monta o seu pacote. É essa liberdade que permite, por exemplo, que um profissional que trabalha perto de casa possa direcionar o recurso que receberia em auxílio-refeição para outro benefício.   Uma prática positiva dentro da gestão de benefícios flexíveis e que vem sendo adotada por boa parte das empresas é a chamada conta corrente, quando o funcionário recebe pontos que eventualmente não utiliza e essa sobra é direcionada a uma conta, a fim de ser utilizada para a aquisição de outros benefícios. Para auxílios-alimentação e refeição, 69,23% das empresas permitem o intercâmbio de pontos entre todos os benefícios.   A pesquisa também mostrou que os benefícios flexíveis têm presença cada vez mais significativa em cargos de liderança e administrativos.   Números mostram adesão   A pesquisa revelou que as empresas que concedem benefícios flexíveis têm programas bem estruturados e maduros. Entre os principais resultados, foi revelado que:  
  • 92,31% subsidiam 100% do plano de saúde dos titulares e 61,54%, o plano dos dependentes.
 
  • No programa de benefício flexível é prática aplicar períodos de permanência no plano de saúde para a realização de upgrade e downgrade:71,43% das empresas dão prazo de 12 meses para upgrade de plano e 57,14% das empresas, 24 meses para downgrade.
 
  • Em 35,71% das empresas, o valor máximo para os auxílios refeição e alimentação ultrapassa R$2.000,00.
 
  • 69,23 % das empresas afirmaram que o valor dos pontos é intercambiável entre todos os benefícios, obedecendo o mínimo da Convenção Coletiva nas opções de refeição e alimentação.
 
  • A revisão total das escolhas pelos funcionários ocorre anualmente em grande parte das empresas, 71,42%. As empresas que disponibilizam mais de uma eleição por ano não oferecem as opções de alteração de plano médico, odontológico e seguro de vida, devido às exigências contratuais.
  Um dos dados mais relevantes mostra que alguns objetivos são almejados pela maioria das empresas e, melhor para elas, também são alcançados. A satisfação dos colaboradores foi o maior objetivo declarado por 85,71% das entrevistadas, e esse mesmo percentual afirmou ter alcançado o intento. A melhora na percepção dos benefícios pelo colaborador foi resultado alcançado por 71,43% das companhias, e 64,29% delas conseguiram tanto aumentar o engajamento dos seus funcionários quanto se fazerem percebidas como empresas inovadoras.   Tecnologia e consultoria especializada: aliadas na gestão   “O RH tem o desafio de buscar no mercado os profissionais mais adequados para as suas posições, e há um grande investimento nisso. Mas ao longo do tempo essas pessoas podem se tornar funcionários insatisfeitos, porque o mundo muda, os desejos mudam. Assim, também é papel do RH promover a flexibilização. E é aí que os benefícios flexíveis fazem sentido, já que eles permitem atender pessoas com perfis e culturas diferentes sem precisar pesquisar esses perfis, apenas permitindo que as pessoas façam suas escolhas”, destacou Ronn Gabay.   A principal dificuldade das empresas para realizar a gestão de benefícios flexíveis é a falta de uma plataforma digital, uma vez que muitas ainda cuidam dos benefícios tradicionais utilizando meios analógicos. A ausência de legislação sobre o assunto também gera inseguranças. Diante desse cenário e das vantagens comprovadas da flexibilização, adquirir sistemas e consultoria especializada é a solução encontrada pela maioria dos RHs – 64,29% das empresas pesquisadas contratam sistema terceirizado para a gestão dos benefícios.   Na próxima matéria da série sobre o Simpósio, confira a palestra de Antônio Linhares, da EY Consultoria, sobre as estratégias de remuneração atreladas a programas de benefícios flexíveis.