Cada vez mais pessoas, em todo o mundo, inclusive no Brasil, buscam formas alternativas de deslocamento no trânsito, em especial as bicicletas. Seja a favor do meio ambiente, por mais qualidade de vida ou para driblar os congestionamentos, a iniciativa envolve a necessidade de construir um trânsito com mais respeito e harmonia.

Acontece que as estatísticas ainda mostram uma situação preocupante. Os dados mais recentes do Ministério da Saúde, de 2015, totalizam 38.651 mortes em vias públicas, o que faz do Brasil o quinto entre os países com o maior número de vítimas de trânsito.

No estado de São Paulo, os três primeiros meses de 2019 trouxeram uma pequena redução no número de mortes no trânsito, queda de 0,6% em comparação com o mesmo período de 2018, segundo dados do Infosiga (Movimento Paulista de Segurança no Trânsito), do governo estadual. Foram 1.205 mortos, o menor índice desde 2015.

No mundo inteiro, os acidentes de trânsito são a 9ª causa de mortes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A velocidade do veículo no momento do acidente é fator dos mais relevantes, sendo que, em cada três mortes, uma é causada por velocidade excessiva ou inapropriada.

No contexto dos acidentes de trânsito, os ciclistas estão entre os mais vulneráveis. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito em todo o mundo, e desse total metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas.

Os acidentes de trânsito também têm impacto econômico. Só em 2014, o Sistema Único de Saúde gastou cerca de R$ 1 bilhão com o tratamento de feridos, apenas em rodovias federais.

O Congresso aprovou, no ano passado, lei que aumenta a pena para motoristas que assumem o risco de matar ao dirigirem embriagados. São 5 a 8 anos de reclusão, enquanto a lei anterior previa de 2 a 4 anos de detenção, além da suspensão da carteira de habilitação.

Penalidades mais severas podem ser parte da solução, mas os problemas do trânsito também envolvem questões de infraestrutura, irregularidades em veículos e vias, falta de fiscalização e o comportamento inadequado dos motoristas, a exemplo do uso do celular.

 

Ações que podem melhorar o cenário

O Maio Amarelo, campanha mundial de conscientização, quer alertar para a necessidade da mudança de comportamento e convidar à reflexão sobre uma nova forma de encarar a mobilidade, optando por um trânsito mais seguro.

Isso envolve repensar atitudes, e algumas delas infelizmente fazem parte da cultura, como a utilização dos celulares por motoristas e o desrespeito às restrições de ingestão de bebidas alcoólicas. Por que as pessoas continuam bebendo e dirigindo? Quando haverá mais consciência sobre os riscos de dirigir falando ao celular?

Além da mudança de atitude por parte das pessoas, sejam motoristas ou pedestres, são necessárias políticas públicas para a redução dos acidentes de trânsito.

O assunto está entre os objetivos da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030, que prevê reduzir para a metade o número global de mortes e lesões causadas por acidentes de trânsito até 2020.

As ações sugeridas envolvem punição para motoristas alcoolizados e em excesso de velocidade, maior fiscalização das licenças dos condutores, investimentos em rodovias mais seguras e redução dos limites de velocidade.